Bento de Jesus Caraça é figura nacional da ciência, cultura e política portuguesa - foi um dos percursores mais destacados do movimento de resistência anti-fascista, na primeira metade do séc.XX.
A vida e obra de Bento de Jesus Caraça são indissociáveis da luta do movimento operário e sindical contra a ditadura fascista, pela liberdade e a democracia, por melhores condições de vida e de trabalho e pelo fim da exploração do homem pelo homem.
Foi um intelectual avançado para o seu tempo, progressista e comunista que teve uma acção muito importante na mudança de mentalidade e consciência política de uma parte significativa da sociedade portuguesa, num tempo em que a ditadura fascista se instalou no nosso país.
Constantemente perseguido, nunca abdicou dos seus ideais, acabando mesmo por ser preso pela PIDE e, posteriormente, demitido do seu cargo como Professor Catedrático do Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras, em 1946.
O professor Bento de Jesus Caraça foi, também, um grande pedagogo dando uma contribuição extraordinária à pedagogia virada para a cultura popular.
Dos breves 47 anos de vida - do grande matemático português, ficaram para a história não apenas o exemplo ímpar da dedicação à causa da liberdade e da dignidade humana, mas também uma vasta e diversificada obra.
Colaborou nas revistas Técnica, Gazeta da Matemática, Seara Nova e Vértice e, fundou a Biblioteca Cosmos (1941) de onde resultaram a edição de 145 números de divulgação da ciência e da cultura realizada em Portugal no século XX.
Vivendo sob um regime retrógrado e repressivo, procurou sempre que a sua cultura científica chegasse aqueles que não tinham acesso ao ensino superior ou mesmo a qualquer forma de ensino.
Sem nunca esquecer as suas origens populares, assumindo-se como um cidadão integro, militante antifascista extremamente activo, internacionalista e defensor da paz – foi um dos fundadores do Movimento de Unidade Nacional Antifascista.
Hoje, lembramos os 120 anos do seu nascimento (18 de Abril de 1901), elevando o saber, modéstia e grande sentido humanístico de um homem que sempre se mostrou decidido a lutar pela liberdade e pela democracia. Um homem que muito contribuiu para a elevação cultural dos operários e dos trabalhadores portugueses. Um homem cujo nome a CGTP-IN escolheu como patrono da sua Escola Profissional.
DIF/CGTP-IN
18.04.2021