Hotel Meia de Vila Paria de Âncora encerra restaurante para despedir trabalhadores

Foi o restaurante e o seu serviço esmerado, que permitiram a transformação da antiga pensão de há 85 anos no moderno Hotel Meia, em Vila Paria de Âncora. Ainda hoje o restaurante é importante para a viabilização desta empresa familiar, mas a administração quer encerrá-lo e despedir os seus seis trabalhadores, informa o Sindicato da Hotelaria do Norte.

Na reunião de informação e negociação esteve também representado o Ministério do Trabalho, que “nada fez para parar este processo de despedimento coletivo que não tem pés nem cabeça”, reporta o sindicato num comunicado à Imprensa em que realça o excelente crescimento de receitas que a empresa obteve de 2015 a 2019, na ordem dos 52%, e alerta que o hotel, onde pesa o serviço de meia pensão, “pode correr sérios riscos” sem o restaurante.

Comunicado de Imprensa do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte:

HOTEL MEIRA DE VILA PRAIA DE ÂNCORA ENCERRA RESTAURANTE PARA DESPEDIR TRABALHADORES

A administração do Hotel Meia, em Vila Paria de Âncora, comunicou aos delegados sindicais a sua intenção encerrar o restaurante e despedir 6 trabalhadores.

A empresa alega um crescimento excelente de receitas 2015 a 2019 na ordem dos 52%, e acrescenta que em 2019 em relação a 2018, a ocupação do hotel subiu 24%.

Por conseguinte, as receitas e a ocupação do hotel, acompanharam a boa situação geral do setor do turismo.

Contudo, alegando uma quebra acentuada em 2020 devido à crise sanitária provocada pela covid-19, a empresa decide encerrar o restaurante e despedir 6 dos 31 trabalhadores do hotel.

Ora, o hotel tem muita reservas de grupos e clientes individuais com serviço de meia pensão e o restaurante é fundamental para o futuro do hotel. Sem restaurante o hotel pode correr sérios riscos.

Inicialmente, há 85 anos, a empresa era constituída pelo seu restaurante com pensão. Foi o restaurante e o seu serviço esmerado, que permitiram a transformação da antiga pensão num moderno hotel. Por isso, ao longo destes anos, o restaurante sempre foi fundamental para a viabilização desta empresa familiar.

Na reunião de informação e negociação, o perito da comissão sindical nomeado chamou a atenção para esse facto, alertou que o encerramento do restaurante pode pôr em causa o futuro do hotel, chamou a atenção que a empresa recorreu ao lay-off, recebeu apoios do Estado, que por esse efeito os trabalhadores foram muito penalizados, que a empresa pode continuar recorrer aos apoios em caso de necessidade, chamou a atenção que o motivo alegado pela empresa provocado pela covid 19 não é motivo legal para despedir, que é temporário e circunstancial, opondo-se ao despedimento coletivo e pedindo a sua suspensão.

Contudo, a administração do Hotel Meira, como tem o despedimento coletivo como facto consumado, como quer despedir à força 6 trabalhadores, ainda que para o fazer tenha de encerrar restaurante que lhe deu nome e dá vida à empresa há 85 anos, não quer saber dos formalismos, motivos, fundamentos ou critérios, quer resolver rápido e à força, esquecendo-se das consequências sociais dos seus atos.

Foi requerida informação complementar para aferir melhor os fundamentos, motivos e critérios alegados pela empresa.

O Ministério do Trabalho, presente na reunião, nada fez para parar este processo de despedimento coletivo que não tem pés nem cabeça.