Algarve: Denúncia da degradação laboral e social no sector do turismo

Algarve Denúncia da degradação laboral e social no sector do turismoSINDICATO DA HOTELARIA DO ALGARVE DENUNCIA DEGRADAÇÃO LABORAL E SOCIAL NO SECTOR DO TURISMO E EXIGE MEDIDAS QUE RESPONDAM AOS PROBLEMAS DOS TRABALHADORES

O Sindicato da Hotelaria do Algarve levou a cabo ontem de manhã, dia 14, uma acção em Faro que teve como objectivo denunciar publicamente a contínua degradação laboral e social que se verifica no sector do Turismo e dar a conhecer às várias entidades directa ou indirectamente relacionadas com o sector as medidas que urge tomar para responder aos problemas que os trabalhadores estão a sentir, que por sua vez, no entendimento do Sindicato, são medidas indispensáveis para atrair e fixar os trabalhadores no sector.

Além da distribuição de um comunicado à população que denuncia a degradação laboral e social no sector e apela à solidariedade com a luta dos trabalhadores deste sector, a delegação sindical entregou uma carta reivindicativa na Região de Turismo do Algarve, na Delegação Regional do Algarve do Instituto do Emprego e Formação Profissional, na Associação dos Industriais Hoteleiros e Similares do Algarve e na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve que contém as medidas que o Sindicato considera urgentes, possíveis e indispensáveis para responder aos problemas dos trabalhadores e para atrair e fixar os trabalhadores no sector.

O sindicato denuncia que o bloqueio patronal da negociação colectiva no sector e o aumento do custo de vida está a empurrar os trabalhadores para a pobreza e a aumentar as desigualdades sociais, ao mesmo tempo que se verifica um forte crescimento da actividade económica em todo o sector do Turismo, com os dados mais recentes a traduzirem resultados nos principais indicadores superiores a 2019 e a indicarem que 2022 será um ano de novos recordes. Embora o sector tenha registado um forte crescimento nos últimos anos, o poder de compra dos trabalhadores continua a diminuir, os horários de trabalho estão cada vez mais desregulados e a precariedade alastra-se.

Esta situação, que está a fazer aumentar o descontentamento e poderá levar a um aumento da conflitualidade social, está a afastar os trabalhadores do sector e a colocar em causa a qualidade do serviço prestado ao cliente. Por isso, entendemos que é urgente diminuir a desigualdade na distribuição da riqueza e aumentar o poder de compra dos trabalhadores através do aumento geral dos salários e restantes componentes remuneratórias. Por outro lado, é necessário melhorar as condições de trabalho e a conciliação da actividade profissional com a vida pessoal e familiar, para garantir a fixação dos trabalhadores e a consequente melhoria da qualidade do serviço.

Entre as medidas apontadas pelo sindicato está à cabeça a necessidade de um aumento geral dos salários de 10%, com um mínimo de 100€, a fixação do vencimento base mínimo em 850€ a partir de 1 de Janeiro de 2023, o combate aos vínculos precários, a garantia do transporte, o pagamento dos feriados com mais 200%, a regulação e diminuição dos horários de trabalho para as 35 horas semanais, a atribuição de 25 dias úteis de férias sem condicionalismos, a garantia de dois dias de folga seguidos com um fim-de-semana por mês em acréscimo, a valorização do trabalho prestado aos fins-de-semana, por turnos e em horários repartidos com mais 25%, a valorização da antiguidade através do pagamento de até 5 diuturnidades de 25€ cada, a vencer a cada 3 anos, a progressão na carreira de forma automática a cada 3 anos, a atribuição da alimentação em espécie em quantidade e qualidade, a dispensa remunerada no dia de aniversário dos trabalhadores, garantia do alojamento aos trabalhadores deslocados nacionais e estrangeiros, o fornecimento, tratamento e limpeza do fardamento de todos os trabalhadores, entre outras.

Além das entidades referidas a carta reivindicativa foi também enviada à Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve, à Associação da Hotelaria de Portugal, à Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, à Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo, ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, à Assembleia da República e à Presidência da República.

Carta Reivindicativa do Sindicato da Hotelaria do Algarve

Fonte: Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Algarve