Situação dos trabalhadores setor do turismo, nos Açores
O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Comercio e Escritórios, Hotelaria e Turismo dos Açores (SITACEHT/AÇORES) está muito preocupado com a situação dos trabalhadores da hotelaria e da restauração na Região. Este setor de atividade paga salários muito baixos e exige longas jornadas de trabalho.
São muitos os trabalhadores do setor do turismo, que recebem apenas o salário minino praticado na região de 740,25€.
Os horários de trabalho praticados no setor do turismo são muito longos e instáveis, não assegurando a conciliação da atividade profissional com a vida pessoal e familiar dos trabalhadores. Devido à falta de trabalhadores nas diversas secções, os ritmos de trabalho são muito intensos e põem em causa, de forma grave, a saúde dos trabalhadores e a qualidade de serviço. Além disso, as empresas não valorizam o trabalho prestado ao fim de semana.
Apesar do grande crescimento de turistas nos Açores, de dormidas e de receitas, as associações patronais e as empresas não praticam salários justos, não valorizam as carreiras profissionais e nem criam condições de trabalho dignas.
As empresas queixam-se da falta de mão de obra, mas não absorvem os formandos das escolas hoteleiras, reclamam junto do Governo Regional, mas não garantem formação profissional em técnicas hoteleiras e línguas portuguesa e inglesa, nem contratos permanentes de trabalho.
Pedem e querem a vinda de imigrantes à força, para que possam manter esta política de mão de obra barata, aumentar ainda mais precariedade e pôr em causa os direitos laborais dos trabalhadores, o que se reflete na qualidade de serviço.
Para os mais céticos fornecemos alguns dos dados avançados pelo estudo "Perceção do emprego no setor da hotelaria e restauração", da Eurofirms, empresa de Recursos Humanos especializada em gestão de talento, realizado em maio de 2022.
.
Neste estudo nacional, cerca de 61% dos trabalhadores com experiência na área de hotelaria e restauração revelam ter um contrato temporário e 58% dizem não se ver a trabalhar no setor num espaço de três a cinco anos, devido à instabilidade, durabilidade nos contratos e dificuldade do setor em reter talentos
Horários, conciliação com a vida pessoal e a falta de estabilidade são fatores que os trabalhadores querem mudar no setor.
A mudança de carreira deste setor para outros é uma realidade e tem sido constante, existindo dificuldade em atrair talentos, devido às condições atribuídas aos profissionais. Os horários, conciliação com a vida pessoal e a falta de estabilidade são queixas atuais dos trabalhadores.
Quais as condições que pesam de forma negativa para que o setor não seja atrativo? São os horários e a conciliação familiar (41,8%), seguem-se os salários praticados com 35,4% (mais de metade - 54% - sendo que não ultrapassa os 800 euros por mês), e a precariedade laboral em terceiro lugar, com 33,3% das respostas. A pouca flexibilidade e o plano de carreira estão em quarto e quinto lugar com 24,1% e 14,8%, respetivamente.
O estudo diz também que a principal motivação para trabalhar na área é a questão financeira, embora 40% dos inquiridos confirmem que, com uma formação adequada, poderiam recomendar a terceiros.
Para a country leader do Eurofirms Group em Portugal, é "estruturalmente necessária uma mudança no setor que possa responder aos três grandes desafios para a gestão do talento nas empresas: atrair, desenvolver e reter os colaboradores, criando, para tal, as condições que permitam tornar o setor mais atrativo".
O Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Comercio e Escritórios, Hotelaria e Turismo dos Açores (SITACEHT/AÇORES), não têm dúvidas em afirmar que a situação dos trabalhadores nos Açores é mais grave do que, a que se verifica nível nacional.
O Movimento Sindical Unitário Açoriano tem defendido que tempos excecionais exigem medidas excecionais que protejam e reforcem os direitos e os rendimentos dos trabalhadores e que garantam proteção social. Não vamos abdicar de lutar por melhores salários, melhores horários, defesa dos direitos, carreiras profissionais e condições de trabalho dignas.
Neste sentido vamos continuar a luta pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores nos Açores, pois ela é condição essencial para uma Região que se quer desenvolvida, de progresso e justiça social.
FONTE: Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços, Hotelaria e Turismo