A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) esteve presente na reunião do Ministério da Saúde com os sindicatos médicos sobre a situação complicada que se vive nos serviços de urgência do país. Infelizmente, mais uma vez, o Ministério insiste em não querer resolver o problema da falta de médicos no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Num contexto de maioria absoluta, tendo o Ministro das Finanças reafirmado que não existem constrangimentos financeiros para resolver os problemas do SNS e tendo o Primeiro-Ministro reconhecido que estas falhas nos serviços não são aceitáveis, o Governo continua a não querer avançar com medidas estruturais fundamentais. Em vez disso, insiste em medidas avulsas e temporárias, como se a falta de médicos nas urgências – e noutras valências do SNS – se devesse apenas a uma má gestão de horários e de períodos de férias.
No entanto, a situação é bem conhecida: as condições de trabalho são cada vez mais precárias e a desvalorização do trabalho médico tem-se acentuado, particularmente durante a pandemia de COVID-19, com os médicos a não sentirem o seu trabalho reconhecido.
O SNS precisa de investimento estrutural, de valorização dos médicos e dos profissionais de saúde, do desenvolvimento da carreira médica, da opção da dedicação exclusiva e majorada para os médicos, da implementação de um estatuto de penosidade e risco acrescido. Só assim é possível garantir as condições para que os médicos fiquem no SNS.
A posição do Ministério da Saúde, apesar de alguma abertura para debater alguns aspetos estruturais, é incompreensível por continuar a recusar a valorização da carreira médica. É preciso vontade política para valorizar o SNS.
Fonte: FNAM