Para a actual escalada de preços, que já vem desde 2021 e se agravou com a guerra no Leste e as sanções, o Governo e a UE não podem ter apenas medidas de apoio público, quando há empresas privadas que estão a fazer colossais fortunas, afirma Demétrio Alves, numa entrevista que aqui publicamos, integrada nos trabalhos sobre política energética.
Antigo trabalhador do sector eléctrico, mantendo ligação à federação e aos sindicatos, Demétrio Alves, hoje como especialista, dá neste vídeo o exemplo da evolução das inaceitáveis margens de refinação da Petrogal, para defender que tais empresas devem ser chamadas a fazer parte do esforço nacional de contenção dos preços da energia.
Respondendo a Vera Falcão, numa conversa de cerca de meia hora, afirma que os preços da electricidade aumentaram porque o mercado grossista (MIBEL) tem uma metodologia completamente inaceitável do ponto de vista socio-económico.
A Comissão Europeia não permite a sua correcção, porque as grandes empresas estão a fazer fortunas colossais, explica Demétrio Alves, com um exemplo de cálculo: quanto é que ganha uma empresa que vende energia, produzida com a água de uma barragem, ao mesmo preço da energia que é produzida com gás natural?
Admite que não seria difícil estabelecer um preço médio, consoante o mix das fontes primárias. Mas a verdade é que os consumidores - famílias, instituições, empresas - pagam toda a electricidade ao preço mais caro.
A escalada de preços, acrescenta, não se deve apenas a este mercado grossista e grosseiro. Ela tem origem igualmente na pressão altista do gás natural. E há ainda os impostos altos, como o IVA.
Mas, nota Demétrio Alves, este é um sistema de grande conforto para as empresas maiores, que não correm risco absolutamente nenhum.