Trabalhadores e dirigentes sindicais do STAL e da FIEQUIMETAL concentraram-se, ontem à tarde, junto ao ministério das finanças, para protestar contra a inaceitável intromissão do governo no processo negocial em curso na Águas de Portugal (AdP).
A administração da AdP apresentou uma proposta de actualização da tabela salarial em linha com a da Administração Pública, ou seja, de 0,9%, valor manifestamente insuficiente, pois acentua a perda de poder de compra dos trabalhadores, e não valoriza o seu desempenho, dedicação e profissionalismo, que têm sido essenciais neste período de crise sanitária.
O que o Conselho de Administração (CA) da AdP e o governo querem é que os trabalhadores aceitem a actualização salarial de 0,9% como se de uma revisão da Tabela Salarial se tratasse, ficando, assim, os trabalhadores mais um ano sem verdadeiros aumentos salariais, agravando-se a perda do seu poder de compra.
O que os trabalhadores precisam e exigem é que o ACT seja cumprido, e que o CA se sente à mesa para uma verdadeira negociação, com vista à revisão da Tabela Salarial, entre outras matérias.
Na apresentação desta proposta o CA da AdP transmitiu-nos que, por imposição do Governo, a mesma carece de acordo por parte dos sindicatos para que a tabela seja alterada e, posteriormente, publicada em BTE, situação a que nos opomos, visto a negociação da tabela nada ter a ver com esta actualização, e pelo facto de a sua publicação, nestes moldes, poder levar a que estejamos impedidos de a rever durante 10 meses.
É inaceitável que que o secretário de Estado do Tesouro imponha condições de aplicabilidade numa empresa em que existe um instrumento de contratação colectiva, condicionando assim o processo negocial.
Exigimos uma negociação a sério
Em contraproposta, propomos que tal actualização passasse apenas por um acto de gestão, dado que, ao aceitar esta actualização de 0,9% e a sua publicação em BTE, estaríamos a concordar com as discrepâncias existentes na actual tabela salarial.
Perante o impasse, os sindicatos solicitaram, com carácter de urgência, reuniões com o ministro das Finanças e os secretários de Estado das Finanças e do Tesouro – que tutelam a AdP –, para expor as questões acimas referidas, e chegar a uma conclusão sobre o modo de operacionalizar esta actualização.
Refira-se que esta proposta, relativamente aos escalões mais baixos - ou seja, nos salários que mais necessitam de ser valorizados –, representa um aumento de 7 ou 8 euros mensais, cerca de 31 e 36 cêntimos diários. Nos intermédios a “fortuna” também não é muito maior.
Não estando nós em condições de aceitar tal proposta no imediato, foi marcada nova reunião com a administração AdP para o próximo dia 24, para podermos chegar a um acordo relativamente ao modo como se pode efectivar esta actualização, mas sem nunca pôr em causa a negociação da actualização do ACT no mais curto espaço de tempo.