A greve das trabalhadoras da industria das conservas registou uma elevada adesão na esmagadora maioria das fábricas, que empregam cerca de 4 mil trabalhadores, como foi o caso da Cofisa na Figueira da Foz que teve uma adesão de praticamente 100%.
Os trabalhadores em greve concentraram-se na sede da ANCIP, em Matosinhos, e à porta de algumas fábricas conserveiras de norte e sul do país, e nos Açores, como foi o caso da Cofisa, com presença de mais de uma centena de trabalhadores (foto anexa).
Os trabalhadores aprovaram nas concentrações e entregaram à ANCIP e às empresas, uma moção, a saber:
Moção
TRABALHADORES DA INDÚSTRIA DAS CONSERVAS
Considerando que:
O setor da industria das conservas vive uma boa situação económica;
Em 2020 a indústria nacional produziu 72 mil toneladas, mais 11 mil toneladas do que em 2019, tendo gerado 365 milhões de euros, mais 40 milhões do que ano anterior;
Houve um aumento de 16% na procura de conservas nacionais, assim como 14% no volume de vendas e 20% em valor;
A expectativa da indústria em 2021 é que a tendência de crescimento da procura continue a crescer acima dos dois dígitos, tanto a nível interno como externo;
Contudo, as empresas deste setor de atividade pagam salários muito baixos;
Desde o início do surto pandémico que os trabalhadores das conservas estão empenhados em manter o funcionamento das empresas, da produção e dos postos de trabalho;
Mas, simultaneamente, exigem a defesa dos seus direitos, a melhoria dos seus salários, dos seus rendimentos e a melhoria das suas condições de trabalho e de vida;
Os trabalhadores das conservas, que nesta fase de pandemia são considerados trabalhadores da linha da frente, sendo este um setor essencial, produziram e produzem riqueza e lucros, mas nem por isso estão a ser reconhecidos na valorização do seu esforço;
A associação nacional dos industriais de conservas de peixe (ANCIP) recusa negociar a tabela salarial e a revisão do contrato coletivo de trabalho (CTT) enquanto os sindicatos não aceitarem a retirada de direitos;
Os trabalhadores não aceitam a desregulamentação dos horários de trabalho e não querem voltar a ir trabalhar ao toque das sirenes, passando a ser máquinas na mão do patrão, para ligar e desligar quando lhes der jeito e tendo como único objetivo o aumento do lucro.
Assim, os trabalhadores da industria das conservas, em greve, concentrados à porta das empresas e da associação patronal, dia 19 de janeiro de 2022, exigem:
A negociação imediata do CCT;
A manutenção de todos os direitos;
Aumentos salariais dignos.
Caso a Associação Nacional dos Industriais de Conservas de Peixe não reveja a sua posição, os trabalhadores desde já mandatam os sindicatos para convocarem novas formas de luta.
Lisboa, 19 de janeiro de 2021 Os trabalhadores