Natal e 30º aniversário da VW/AE com sabor amargo para os trabalhadores do complexo industrial
A VW Autoeuropa assinalou no passado dia 26 de Novembro os seus 30 anos de existência em Portugal, numa iniciativa formal com a presença do Presidente da Republica, Marcelo Rebelo de Sousa, o Primeiro-ministro, António Costa e o Ministro da Economia, Pedro Siza Vieira.
Foi também no mesmo dia anunciado que 2021 será afinal o terceiro melhor ano de sempre da VW Autoeuropa em Portugal com cerca de 210.000 veículos produzidos, mais 9,6% em relação ao ano anterior. Superando assim o ano de 2020 já classificado como tal anteriormente pelo Diretor Geral Miguel Sanches, isto em plena situação de pandemia e com a crise no sector devido à falta de semicondutores.
O SITE-Sul não pode deixar de lamentar que a VW não reconheça o papel fundamental e determinante dos trabalhadores no sucesso da empresa e na concretização dos resultados alcançados.
Pois como é sabido os trabalhadores da VW em Palmela no ano de 2021 apesar dos resultados históricos anunciados não tiveram qualquer atualização salarial numa altura que o custo de vida aumenta vertiginosamente.
Com a agravante de com o pretexto da crise dos semicondutores e da pandemia, a Administração da VW em Palmela estar a criar um clima de instabilidade no seio dos trabalhadores, através da chantagem e do medo relativamente a manutenção de todos os postos de trabalho, no preciso momento em que se iniciam as negociações das reivindicações dos trabalhadores para o ano 2022, isto apesar dos resultados anunciados.
O PARQUE INDUSTRIAL...
Já nas empresas fornecedoras da VW Autoeuropa, a situação assume proporções ainda mais alarmantes e preocupantes.
Devido à comunicação feita pela VW/AE de que no primeiro trimestre de 2022 não irá existir produção aos fins-de-semana (sábados e domingos) e de que vai aplicar tarifas aos contratos com os fornecedores baseadas no horário AE15, levou a que as administrações de algumas destas empresas situadas no parque industrial, tais como VANPRO, a GEFCO, SMP, SAS, entre outras, numa tentativa de manterem os lucros a qualquer custo, optassem pelo caminho mais fácil, através do despedimento de trabalhadores com contratos de trabalho a prazo e de trabalho temporário, os quais serão agora lançados no desemprego, numa altura em que se vive no pais uma situação social altamente complexa devido à pandemia.
Não se dando por satisfeitas, algumas empresas do parque industrial, decidiram ainda avançar com o despedimento de trabalhadores efetivos e atacar os direitos dos trabalhadores (retirada do pagamento do subsídio de turno).
O SITE-Sul repudia e condena estas atitudes por parte das Administrações destas empresas multinacionais, incluindo a própria VW Autoeuropa que ao longo de décadas tem vindo a acumular lucros de milhões de € e que até recentemente receberam apoios do Estado Português, no âmbito do lay-off ou o AERP (Apoio extraordinário à retoma progressiva da atividade) devido à crise gerada pela pandemia de COVID 19, para depois se descartarem desta forma dos trabalhadores que contribuíram de forma direta para o sucesso das empresas.
O SITE-Sul já pediu uma reunião à Administração da VW Autoeuropa para discutir estas e outras matérias do interesse dos trabalhadores, reunião à qual estranhamente ainda não recebemos qualquer resposta, isto de uma empresa que apregoa aos sete ventos uma enorme responsabilidade social e que diz também exigir aos seus fornecedores cumprimento da carta social por esta elaborada e assumida.