Perante a falta de microchips, que afecta a produção em parte da indústria, a Fiequimetal avisa que os trabalhadores não podem ser prejudicados, nos seus salários, nos horários de trabalho e noutros direitos, como as férias, e tem de ser defendido o emprego.
A federação, numa nota emitida pelo seu Secretariado, considera um escândalo que haja quem reclame a aplicação do lay-off simplificado, no sentido de salvaguardar os interesses patronais.
Nos sectores abrangidos pelos sindicatos da Fiequimetal, são cerca de dez mil os trabalhadores de empresas afectadas por esta conjuntura. É uma dimensão bastante para merecer uma intervenção urgente do Governo, no sentido de salvaguardar os direitos dos trabalhadores.
No entanto, até agora, o Governo fugiu às suas responsabilidades. É considerado inqualificável o facto de o Ministério da Economia ter declinado um pedido de reunião, feito em Junho deste ano, por forma a abordar esta problemática, recorrendo ao absurdo argumento de que tal assunto é da competência do Ministério do Trabalho, o qual também ignorou a solicitação da referida reunião.
A Fiequimetal e os seus sindicatos permanecem atentos ao evoluir da situação e apelam a que os trabalhadores continuem vigilantes, organizados e prontos a agir colectivamente, logo que tal se mostre necessário.
A origem do problema
Nos últimos dias têm sido veiculadas apreciações e posições sobre as causas que têm contribuído para a rotura nas cadeias de fornecimento de microchips, que afecta, com maior incidência, os sectores automóvel e de fabricação de material eléctrico.
Pelas informações de que a Fiequimetal dispõe, os motivos vão além da maior procura de equipamento de electrónica de consumo, ocorrida à escala global e motivada pelos confinamentos no contexto do combate à epidemia.
A principal causa desta rotura radica na circunstância de, há várias décadas, as principais empresas de produção destes componentes terem operado deslocalizações para o continente asiático, na busca de maiores lucros. Por outro lado, as multinacionais optaram pelas encomendas «just in time», abandonando a reserva de stocks.
A falta de microchips é da exclusiva responsabilidade das multinacionais, em particular da organização das suas cadeias de produção, até porque existem interdependências estratégicas entre elas.