Pelos dados disponíveis, FENPROF estima que mais de 100 000 alunos ainda não tenham os professores todos
Atrair jovens para a profissão não será possível sem a sua valorização;
em 5 de outubro, Dia Mundial do Professor, os
docentes sairão à rua para exigir medidas concretas
A FENPROF divulgou, ontem, o número de horários que, tendo ficado por preencher nas designadas reservas de recrutamento, se encontravam em oferta para contratação de escola. Apesar da dimensão preocupante dos números, houve quem os desvalorizasse, por, na sua maioria, serem horários incompletos e/ou temporários. Sucede que o número já voltou a aumentar e atinge uma dimensão que não pode ser desvalorizada, designadamente por quem tem responsabilidades de direção nas escolas. Serão mais de cem mil alunos que não têm, ainda, todos os seus professores. E a tendência, nestes dias, não tem sido para a redução, mas para o aumento do número de horários não preenchidos.
De acordo com os dados disponíveis em 21 de setembro, ontem, ao final do dia (dados acompanhados diariamente pela FENPROF), o panorama é o seguinte:
- Número total de horários em oferta para contratação de escola: 1855
- Número de horários correspondentes a grupos de recrutamento: 1694
- Número de horários correspondentes a grupos de recrutamento com, pelo menos, 8 horas (não preenchidos pela reserva de recrutamento): 1517
- Número total de horas a concurso (só dos grupos de recrutamento): 24 456
- Número médio de horas dos horários correspondentes a grupos de recrutamento: 14,4 horas
Considerando o número médio de horas dos horários correspondentes a grupos de recrutamento (14,4 horas), e tendo em conta que, no mínimo, também em média, correspondem a 3 turmas por horário. Isto significa que, se o número médio de alunos por turma for de 20 (e, certamente, é superior!), mais de 101 500 alunos não têm, ainda, todos os seus professores. A estes acrescem os correspondentes a horários de técnicos especializados (161), muitos deles exercendo funções docentes, embora sem grupo de recrutamento.
Confirma-se, assim, que a opção pela contratação de escola não resolve o problema da falta de professores e que este não tem uma dimensão tão irrelevante como alguns querem fazer crer. O problema – grave! – resolve-se com medidas concretas, tais como, de imediato, o completamento dos horários incompletos ou a criação de incentivos para a deslocação e fixação de docentes em áreas carenciadas; a médio e longo prazo, resolve-se com a valorização da profissão docente, designadamente no que respeita a estabilidade, carreira ou condições de trabalho, medidas indispensáveis para tornar a profissão atrativa. Em 5 de outubro, Dia Mundial do Professor, os docentes estarão na rua para exigir essa indispensável e inadiável valorização, fundamental para a profissão, necessária ao país.
Fonte: Fenprof