O SinTAF - Sindicato dos Trabalhadores da Actividade Financeira enviou à Assembleia da República um memorando sobre a situação na Banca em Portugal.
Memorando sobre a situação na Banca em Portugal
2008/2021
Com a crise financeira de 2007/2008, a banca portuguesa entrou numa crise profunda, com destaque para as falências do BPN, do BPP, do BES e do Banif, que custaram ao País, até agora, mais de 20 mil milhões de euros.
Uma crise que veio tornar mais clara uma situação que o SinTAF denunciou na altura: estávamos perante a financeirização da economia com a transferência de avultadas verbas do sector produtivo para a especulação financeira, a utilização do dinheiro dos depositantes para a cedência de créditos para as empresas dos próprios grupos bancários e aos amigos, sem qualquer tipo de garantia na maioria dos casos, e a distribuição de avultadas somas em dividendos pelos accionistas, mesmo quando a situação dos bancos aconselhava prudência, nomeadamente o reforço das provisões para as avultadas imparidades.
No período de 2008/2014 o total de imparidades registadas nos sete maiores bancos nacionais, apontava para um valor de cerca 40 mil milhões de euros. Umas das causas desta situação encontramos na elevada concentração dos riscos em determinados activos e sectores, nomeadamente no sector imobiliário mais construção e participação em fundos de investimento imobiliário. As sucessivas Comissões de Inquérito na Assembleia da República, têm confirmado a facilidade com que se emprestava dinheiro sem as garantias necessárias.
Em Dezembro de 2011, numa simulação feita com a aplicação de haircuts médios no intervalo de 17% a 20% à carteira de crédito e de títulos dos 8 maiores bancos do sistema bancário português, apontava necessidades de recapitalização, já nessa altura, entre 48 mil milhões e 56 mil milhões de euros.
Se considerarmos o PIB português na altura, o impacto estimado era de 28% a 33%.
Entre 2000 e 2010, considerando os 7 maiores bancos, os dividendos distribuídos (cerca de 8 mil milhões de euros, 2000 mil milhões dos quais distribuídos já no pico da crise entre 2008 e 2010), incluíam resultados gerados por créditos que no futuro, como se veio a confirmar, poderiam requerer a constituição de imparidades.
Estas são as verdadeiras razões para uma crise que se iniciou em 2007 e se prolongou no sector bancário em Portugal até hoje.
Fonte: SinTAF