Sexta-feira, 11 de Junho, os trabalhadores do Grupo Águas de Portugal cumprem uma greve de 24 horas pela concretização das medidas necessárias à sua valorização, num grupo que teve 79 milhões de euros de lucros em 2020. Os trabalhadores estão fartos e descontentes com a actual situação, e exigem resposta imediata às suas reivindicações sem mais delongas e desculpas
A greve tem início às 00.00 horas desta sexta-feira, e a paralisação dos trabalhadores tem como objectivos exigir:
O aumento dos salários em 90€ por trabalhador, fixando-se em 850€, no curto prazo, como o salário mínimo de entrada nas empresas e a negociação das matérias pecuniárias e outras com base nas propostas das organizações sindicais;A construção de um novo regime de carreiras, categorias profissionais e funções que valorize e reconheça o saber, a experiência e o empenho dos trabalhadores;A redução progressiva do horário de trabalho para as 35 horas semanais;A atribuição de um subsídio de risco extraordinário, no quadro do surto epidémico do novo coronavírus e a regulação do suplemento de insalubridade, penosidade e risco;A estabilidade do emprego, assegurando que a um posto de trabalho permanente corresponde a um vínculo efectivo, pondo fim ao trabalho precário;Defesa da gestão pública e combate ao outsourcing;A contratação de mais trabalhadores para assegurar um serviço público de qualidade;Aplicação do Acordo de Empresa da EPAL a todos os trabalhadores da empresa;A melhoria e o pleno respeito pelas normas de segurança e saúde no trabalho.
A falta de resposta da administração às propostas reivindicativas – que constam da Resolução aprovada, por unanimidade, nas concentrações realizadas no dia 21 de Maio, junto às sedes da EPAL e do Grupo AdP, e entregues às respectivas administrações – é inaceitável! Os problemas laborais mantêm-se sem resolução há vários anos, menosprezando-se o empenho e a dedicação dos trabalhadores, que se mantiveram na primeira linha da prestação de um serviço público essencial à população neste difícil contexto sanitário. Os trabalhadores estão fartos e descontentes com a actual situação.
É tempo de os trabalhadores receberem o que lhes é devido!
E sem desculpas, até porque o Grupo AdP vangloria-se do bom desempenho económico e a evolução positiva de vários indicadores, nomeadamente, o «crescimento do volume de negócios, que ascendeu a 715,3 milhões de euros, com um aumento de 3,4% relativamente a 2019»; a «redução de 9% do endividamento líquido»; ou o resultado líquido de «78,6 milhões de euros, que representa uma redução de 5,5% em relação ao exercício anterior, decorrente do impacto da pandemia (...)».
Referindo-se aos trabalhadores, diz o presidente da AdP: “Em circunstâncias duras da pandemia, os operadores dos nossos sistemas de abastecimento e de saneamento asseguraram com segurança e fiabilidade um serviço essencial à vida, de importância redobrada no combate pela saúde pública. É hora de lhes prestar um justo reconhecimento.”
Pela nossa parte, não podíamos estar mais de acordo com tais palavras. Não parámos, enfrentámos a pandemia para continuar a garantir às populações um bem essencial à vida, fundamental para combater a Covid-19, e os resultados estão à vista.
Mas o que importa saber é se a AdP vai, de uma vez por todas, passar das palavras aos actos e resolver os problemas concretos dos trabalhadores. Ou seja, se vai, finalmente, respeitar os direitos plasmados no Acordo Colectivo de Trabalho, aumentar os salários, dignificar as carreiras, compensar o risco, reduzir horários, melhorar as condições de trabalho.
E não há nenhuma razão para que assim não seja, como os resultados alcançados confirmam.