No Agrupamento dos Centros de Saúde (ACES) do Oeste Sul/Torres Vedras prolonga-se, há anos, uma situação gestionária desastrosa, cuja impunidade de atuação não é suscetível de explicação.
Se a capacidade de desempenho global desta unidade pública de saúde e a acessibilidade dos cidadãos aos cuidados de saúde se foram deteriorando de forma preocupante, juntou-se, no último ano, a criação de um clima persecutório contra profissionais de saúde, erigidos em «inimigos internos», por parte do seu diretor executivo.
Esta situação já extravasou o âmbito interno do ACES e estendeu-se ao relacionamento institucional com a Assembleia Municipal, que foi objeto de várias desconsiderações inadmissíveis.
Com o pretexto de, na página do Facebook da Unidade de Saúde Familiar (USF) Arandis, que funciona nas instalações do centro de saúde de Torres Vedras, ter sido divulgada uma entrevista de um médico da zona norte ao Porto Canal, esse diretor executivo decidiu desencadear um processo de inquérito, em setembro de 2020, visando particularmente o coordenador da referida USF.
Posteriormente, inventou um novo pretexto devido a uma greve da Administração Pública realizada no final de janeiro do ano passado.
Nessa altura, verificou-se a impossibilidade prática de manter em funcionamento a USF dado que todos os elementos do secretariado clínico aderiram à greve, bem como um dos enfermeiros.
Ora, o «regulamento interno» da USF estipula que o seu funcionamento não poderá efetivar-se com menos de 2 secretários, 2 enfermeiros ou 2 médicos. Mesmo perante esta evidência, o referido diretor executivo voltou a adotar repugnantes métodos políticos persecutórios, desencadeando novos processos disciplinares.
Perante esta situação escandalosa, o que é preciso acontecer para que a Autoridade Regional de Saúde (ARS) de Lisboa e Vale do Tejo e o próprio Ministério da Saúde adotem enérgicas medidas para pôr cobro a este descalabro de gestão, atentatório do papel e da missão de um serviço público de saúde?
Com a manutenção de gestores com este comportamento, bem pode o Ministério da Saúde falar na defesa do SNS, porque não há serviço público de saúde que possa sobreviver a tais práticas.
O Sindicato dos Médicos da Zona Sul apela à intervenção imediata da Ministra da Saúde na solução deste processo indigno.
Aguardemos para verificar até que ponto as palavras e os atos coincidem na defesa e dignificação do SNS.
FONTE: SMZS SMZS