A vida vai dando razão às posições que defendemos de que, para desenvolver o caminho de ferro, é necessário unificar todo o sistema e neste ano europeu do caminho de ferro, devia ser uma das prioridades do governo.O Comité Económico e Social Europeu aprovou recentemente um parecer, que faz um balanço negativo do processo de liberalização da ferrovia, que em Portugal conduziu à divisão da CP e posteriormente à fusão das infraestruturas ferroviários com as infraestruturas rodoviárias, que submeteu o interesse do carril ao do alcatrão.
O referido relatório conclui que as ferrovias que mais se desenvolveram na Europa, foi nos países que optaram por manter a integração das infraestruras e dos operadores, ao contrário do que foi seguido em Portugal, acrescentando que a separação não deve ser imposta aos estados membros.
Embora não sendo vinculativo, este relatório não pode ser ignorado e o governo que procura dar uma nova visão para a ferrovia, deve ter a vontade política para reverter todas as medidas, criminosas, desenvolvidas durante muitos anos.
Não se modifica o actual estado da ferrovia em Portugal, mantendo tudo quase na mesma, é preciso ir mais além e dentro de todas as medidas, é necessário valorizar os trabalhadores, elemento central no sistema ferroviário.
A integração cria sinergias, como se comprova com o retorno das oficinas às CP, demonstrando que, apesar de muito atacado, o sector ferroviário tem conhecimento e capacidade para recuperar material circulante que estava abandonado e prestar um serviço ferroviário de qualidade.
O ano europeu do caminho de ferro não pode servir apenas para se falar de comboios, mas sim para o desenvolver uma política que inverta os efeitos negativos dos diversos pacotes ferroviários, que em Portugal deve conduzir à unificação da ferrovia, no quadro das empresas públicas ao serviço do desenvolvimento do País.