OS TRABALHADORES DA ANA, NUNCA SERÃO LOW COST...
Conforme fomos informando, o processo negocial na ANA, devido aos impactos da pandemia Covid-19, arrastou-se sobretudo ao longo do ano de 2020.
Os sindicatos solicitaram ao CA da ANA o reatar das negociações que tinham sido suspensas em Março do ano passado.
Todos temos consciência dos enormes impactos que esta pandemia tem causado no nosso sector e na generalidade das empresas, mas isso não impediu, mesmo assim que o accionista da ANA, a multinacional francesa VINCI, aprovasse na sua direcção uma proposta de distribuição de dividendos no valor 2,04€ por acção (igual a 2019), a levar à próxima assembleia de accionistas.
Para lá da revisão das condições de trabalho de 2020, foram abordadas as matérias referentes
às avaliações de 2019 e consequente evolução/promoção, com efeitos a Março de 2020. Em
relação às avaliações de 2020, a empresa ainda não apresentou os objectivos aos
trabalhadores, conforme compromisso divulgado aos mesmos em Dezembro de 2020.
A 24 de Novembro de 2020, a empresa informou que não foi possível concluir dentro dos
prazos previstos a avaliação de 2019 e por isso dava como alternativa a sua conclusão até ao
fim do ano de 2020 e que os créditos apenas terão impacto no desenvolvimento profissional
dos trabalhadores, em Abril de 2021, sem qualquer retroatividade.
A 4 de Fevereiro de 2021, unilateralmente, a empresa informou os sindicatos, da não
actualização da tabela salarial e cláusulas de expressão pecuniária indexantes para os anos de
2020 e 2021
Relativamente às avaliações de 2020, a empresa referiu que o desempenho será efectuado
numa base qualitativa. Os créditos resultantes da avaliação de desempenho referentes ao ano
2020, não terão qualquer impacto no desenvolvimento profissional dos trabalhadores.
Relativamente às avaliações de 2021, a empresa referiu que o desempenho será efectuado
numa base qualitativa, no primeiro semestre de 2022.
Os sindicatos na salvaguarda dos princípios do AE em vigor na ANA, entregaram um
protocolo conjunto, contendo propostas mitigadoras de alcance temporário da negociação,
tendo sempre como objectivo o não despedimento colectivo, para que não se repita o que
nunca tinha acontecido em 43 anos da existência da ANA e que se veio a verificar,
lamentavelmente, em Novembro de 2020.
Não obstante todas as tentativas de aproximação dos sindicatos, estes admitiam o
diferimento do pagamento das evoluções mas sem abdicar dos retroativos, a empresa
mostrou-se sempre inflexível nas negociações, não reconhecendo o esforço dos
trabalhadores da ANA no contributo para os resultados obtidos ao longo dos anos, dos
primeiros 3 meses de 2020 e da bondade voluntária dos trabalhadores nos restantes meses
do ano.
Na reunião de dia 09/02, a empresa colocou em cima da mesa a denúncia do AE,
designadamente com o objectivo de eliminar as carreiras profissionais, substituindo-as por
prémios.
Fica cada vez mais claro que o que a ANA quer, à boleia do Covid-19, é atacar o Acordo de
Empresa em vigor, o mesmo AE que permitiu à empresa acumular quase mil e duzentos
milhões de euros de lucros em meia-dúzia de anos!
Esta empresa, que durante décadas foi um farol de direitos, dignidade no trabalho e respeito
pelos trabalhadores (factos que permitiram à ANA crescer e aumentar resultados positivos
ano após ano), parece querer adoptar práticas laborais “Low Cost”, pelo que alertamos todos
os trabalhadores para a necessidade de unidade em torno das suas organizações
sindicais, que será determinante para a defesa dos direitos hoje consagrados no nosso
Acordo de Empresa!
FONTE: SITAVA