A urgência de alargar a resposta no SNS
Não há espaço para mais falhas no combate à pandemia
A epidemia está a evoluir de forma acelerada, os surtos de covid-19 multiplicam-se também nos hospitais e centros de saúde e dispara tragicamente o número de mortes.
A actual dimensão da incidência deste surto representa um elevado grau de exigência ao nível das necessidades na saúde e de sobrecarga dos hospitais, centros de saúde e dos profissionais, sendo cada vez mais premente reforçar as medidas para conter a transmissão da infecção na comunidade e evitar a rotura do Serviço Nacional de Saúde - SNS.
Tem sido notável a luta empenhada dos profissionais do SNS para cuidar e salvar vidas humanas, tantas vezes com deficientes recursos, evidenciando uma capacidade de organização extraordinária, a par de uma reconhecida qualidade técnica e humana.
A população começa a sofrer de “fadiga pandémica”, conforme já alertou a OMS, o que conduz a uma menor percepção dos comportamentos a assumir.
É preciso aprender com os erros das más políticas, para o SNS dar resposta à população
Para se atingir o necessário e urgente combate à pandemia, sem descurar a prestação de cuidados de saúde a patologias não COVID-19, é necessário e imperioso reforçar o SNS, a única estrutura nacional com competência e capacidade instalada para prover às necessidades de saúde da população.
A maior responsabilidade de tratar deste gravíssimo problema de saúde pública cabe ao Governo que tem de antecipar as respostas adequadas para minimizar as consequências do elevado nível da epidemia no nosso país.
Hoje, mais do que nunca, é preciso valorizar o SNS como serviço público essencial pois, apesar das dificuldades, foi quem respondeu às exigências dos novos tempos.
A pandemia veio colocar a nu décadas de políticas de desinvestimento público seguidas pelo PS, PSD e CDS, que provocaram o encerramento de serviços e de milhares de camas hospitalares, e a sistemática falta de recursos humanos e de equipamentos clínicos.
Há medidas para assumir e oportunidades para agarrar, para reforçar o SNS
Impõe-se responder ao presente e preparar já o futuro:
1. Potenciar energias, meios e conhecimento para ultrapassar obstáculos e aumentar os recursos do SNS, com prioridade aos recursos humanos, com a adequada contratação de profissionais com vínculo permanente e valorização das suas carreiras e remunerações;
2. Reforçar os cuidados de saúde hospitalares, de emergência, reabilitação, continuados, paliativos e domiciliários;
3. Aumentar a capacidade nos cuidados de saúde primários com recurso ao alargamento do horário de funcionamento, para travar o contágio na comunidade e reforçar a vigilância dos doentes não Covid;
4. Melhorar a articulação e colaboração em rede entre Governo/Ministério da Saúde e todas as entidades envolvidas no SNS/ Rede de Cuidados Continuados Integrados/ Segurança Social e Equipamentos Residenciais para Idosos e Centros de Investigação Científica;
5. Reforçar a monitorização e supervisão dos doentes infectados no domicílio;
6. Intensificar a realização de testes, com especial atenção para quem continua a assegurar os cuidados de saúde, o apoio social e a actividade económica essencial;
7. Aperfeiçoar a metodologia de vacinação e acelerar a sua massificação com recurso a outras vacinas autorizadas pela Organização Mundial de Saúde;
8. Planificar, aumentar e concretizar a formação inicial e de especialização, de médicos, enfermeiros e de outros técnicos de saúde;
9. Acabar com a propaganda e prestar informação mais transparente e pedagógica à população;
10. Fiscalizar e punir as empresas, nomeadamente no sector dos transportes, que não cumprem as regras da DGS;
11. Salvaguardar o interesse público, combatendo quem quer aumentar o negócio e o lucro à custa desta grave crise sanitária.
Recuperar o subfinanciamento crónico e investir muito mais no SNS!
PLATAFORMA LISBOA EM DEFESA DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE: Comissão de Utentes da Cidade de Lisboa, Dir. Reg. Lisboa do Sindicato Enfermeiros Portugueses, FARPIL/MURPI, Movimento Democrático de Mulheres, Inter-Reformados de Lisboa, Movimento de Utentes dos Serviços Públicos, Sindicato Médicos da Zona Sul, Sindicato Trab. em Funções Públicas, Sindicato Nacional dos Psicólogos, Comissão de Utentes da Amadora e Sintra e União dos Sindicatos de Lisboa- CGTP-IN