O encerramento da central termoeléctrica de Sines é uma decisão que deve ser revertida, para bem dos trabalhadores e da economia regional e nacional, defende a Fiequimetal.
Num comunicado em distribuição desde ontem através da organização sindical, a federação e os sindicatos com associados na EDP assinalam que a decisão de encerrar aquela instalação, que tem carácter estratégico no abastecimento eléctrico do País, acontece num momento em que Portugal é assolado por uma vaga de frio, com o consequente aumento significativo dos consumos, mas também quando se verifica uma menor disponibilidade das fontes renováveis intermitentes, traduzida não só em dificuldades no abastecimento, em territórios mais sobrecarregados, como num acréscimo na importação e nos custos da energia.
O Governo do PS, acabando por ser mais papista que o Papa, autoriza mais esta machadada na economia nacional e na soberania energética do País. Em vez de definir uma verdadeira estratégia energética nacional, assume uma postura de entreposto dos interesses das multinacionais ligadas ao sector através de negócios de milhões.
O Governo e as administrações das principais empresas deste sector concretizam mais um crime económico (também com a central do Pego e a refinaria do Porto) e aí estão, de braços abertos, eufóricos, para receberem os milhões provenientes do erário público e liquidar assim centenas de postos de trabalho (107 trabalhadores da EDP e mais cerca de 400 de prestadores de serviços), num golpe contundente para a economia da região.
A Fiequimetal e os sindicatos consideram inadmissível esta actuação, por parte do Governo e das administrações da EDP e da Galp, e reafirmam a necessidade de promover soluções que salvaguardem o ambiente, a actividade industrial, a soberania energética e económica e o emprego, e que permitam contribuir para o desenvolvimento económico das regiões e do País.
Uma narrativa demagógica
Com a desculpa da descarbonização e o empolamento a propósito das alterações climáticas, o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, e o secretário de Estado, João Galamba, montaram uma narrativa demagógica com o objectivo de ficarem bem na fotografia da designada transição energética e dos interesses da Alemanha e das instituições da União Europeia. Ficarão, isso sim, para a história como os coveiros da desactivação de uma central das mais modernas da sua classe, na qual se investiu muitos milhões nos últimos anos e que poderia ainda ter mais alguns anos de serviço.
Com o encerramento precipitado desta central, que representava uma potência de 1200 MW e chegou a suprir 30% das necessidades nacionais, agrava-se o défice energético do País, e a possibilidade de aumento das importações é real e até já aconteceu. Pelo Natal, as importações subiram para 17% da energia consumida.
Nada garante que a energia importada não seja produzida em algumas das 80 centrais a carvão alemãs, a mais nova das quais tem apenas um ano (mas... há um ano ainda não se falava do «problema» das centrais a carvão?) e cujo plano de encerramento é para 20 anos.
Para além da decisão política, também tecnicamente é um erro ficar sem potência eléctrica estável a sul do País, podendo originar desequilíbrios da Rede Eléctrica Nacional.
Esta situação não é nova e é agravada pela circunstância de a linha de transporte de electricidade entre Ferreira do Alentejo e o Algarve ainda não estar disponível.
Neste sentido, a federação e os sindicatos entendem que o Governo e todas as forças políticas que defendem os interesses nacionais, designadamente a soberania energética, devem estar do lado da reversão das decisões de encerramento das centrais termoeléctricas de Sines e do Pego e da refinaria de Matosinhos.