Os responsáveis da DGERT (Ministério do Trabalho) que se deslocaram à Lauak, em Setúbal, na sexta-feira, para uma reunião com a administração e o SITE Sul, foram recebidos pelos trabalhadores que, reunidos nessa altura em plenário, decidiram sair à rua.
Os trabalhadores manifestaram assim a sua posição contra o despedimento colectivo desencadeado pela multinacional francesa da indústria aeronáutica há cerca de um mês.
Dos 702 trabalhadores da Lauak em Portugal (531 em Setúbal e 171 em Grândola), foi anunciada a 18 de Maio a intenção de despedir 249. O SITE Sul contestou firmemente esta medida, salientando que existem alternativas para conservar os postos de trabalho e que a multinacional, até pelos resultados obtidos em Portugal (com significativos apoios públicos), tem condições para suportar o actual período de quebra de encomendas.
Nas primeiras reuniões do processo de despedimento colectivo (na terça-feira, dia 23, em Grândola, e ontem, em Setúbal) as empresas da Lauak reduziram o número de trabalhadores que pretendem despedir: de 52 para 36, em Grândola, e de 197 para 164, em Setúbal.
As próximas reuniões estão, ambas, marcadas para dia 25.
O SITE Sul marcou uma reunião com os trabalhadores, para a próxima terça-feira, dia 23, na sua sede, em Setúbal, para analisar a situação e decidir os próximos passos.
Suscitam grande preocupação os efeitos sociais que teriam estes despedimentos.
Merece forte repúdio esta decisão da multinacional, que coloca em causa os compromissos que a Lauak assumiu como contrapartida dos apoios (caso dos 274 postos de trabalho que deveriam ter sido criados na fábrica em Grândola).
Os próprios representantes da Lauak argumentaram, numa reunião com o SITE Sul, que não quiseram recorrer ao lay-off, porque isso iria prejudicar os trabalhadores, reduzindo-lhes o rendimento. Não se compreende como esta preocupação desembocou na intenção de despedir 200 pessoas.
Tal como se viu ontem, os trabalhadores estão unidos e dispostos a lutar em defesa dos postos de trabalho e da indústria nacional.