A esmagadora maioria dos trabalhadores do Grupo TAP está a cumprir o lay-off imposto pelas empresas, com a suspensão do contrato de trabalho, situação que retira aos trabalhadores um terço dos seus rendimentos e é ainda agravada pela aplicação dos descontos para a Segurança Social e para o IRS.
Comunicado do SITAVA
EM UNIDADE NA DEFESA DOS POSTOS DE TRABALHO
Estamos a meio do segundo mês em que os trabalhadores do Grupo TAP estão a cumprir o Lay-Off imposto pelas empresas, estando a sua esmagadora maioria com a suspensão do contrato de trabalho. Esta situação, que retira aos trabalhadores um terço dos seus rendimentos, é ainda agravada pela aplicação dos descontos para a Segurança Social e para o IRS.
Não será agora a altura para grandes análises, todavia, não podemos deixar de referir que as empresas do Grupo TAP têm uma realidade salarial bastante assimétrica, que induz também por esta via alguma injustiça que tem de ser tida em conta. Esta pesadíssima perda de rendimentos está a provocar situações de grande instabilidade no universo de trabalhadores do Grupo, algumas delas até dramáticas e que carecem de rápida intervenção.
O SITAVA tem intervindo junto das entidades competentes, onde somos ouvidos, no sentido de terminar a aplicação do Lay-Off, no fim deste mês maio, e tem apelado às empresas e ao próprio Governo para que seja retomada a situação salarial normal ainda que a retoma de atividade aconteça de forma progressiva. Sustentamos esta posição, por um lado, numa perspetiva de salvação da economia nacional e, por outro, na inalienável obrigação que qualquer Estado decente tem de proteger os seus cidadãos. Como temos afirmado, por variadíssimas vezes, a manutenção do poder de compra dos salários é condição sine qua non para que a crise não se instale também pelo lado da procura. Ou seja, para que logo que o desconfinamento o permita e o mercado seja abastecido, os trabalhadores tenham poder de compra para o reanimar. O contrário seria dramático.
Perguntar-se-á, então, mas como será isto possível se o transporte aéreo está ainda longe de atingir a pujança que lhe conhecíamos? A resposta a esta pergunta é crucial, e o que nós afirmamos é que sim, é possível aplicando aquilo que o próprio Governo diz ser necessário fazer, ou seja, dividindo os sacrifícios por todos. Os trabalhadores já entraram com a sua parte nestes dois meses de cortes em Lay-Off.
É agora altura de as empresas demonstrarem e assumirem a sua responsabilidade social e, em conjunto com o Estado, se chegarem à frente garantindo os salários completos aos trabalhadores. Quanto à atividade das empresas do Grupo TAP em concreto, é também esta uma boa oportunidade para refletirmos sobre o modelo de desenvolvimento adotado para a TAP, fazendo-a crescer para além do que estava previsto no plano de negócios aprovado aquando do processo de privatização, e com isso obrigando as restantes empresas do Grupo a um crescimento em cadeia. É um facto que os anos que se viveram desde 2016 trouxeram-nos uma dinâmica e uma autoestima como há muito não se via nestas empresas. Mas será que esse inebriante crescimento, essa aparente pujança empresarial era sustentável ou antes assentava num projeto de alto risco e com objetivos muito direcionados? Os resultados negativos dos exercícios de 2018 e 2019 parecem indiciar isso mesmo.
É hoje uma realidade, em toda a Europa e até no mundo, que só com fortíssimos investimentos dos respetivos Estados será possível manter as companhias aéreas apanhadas por este turbilhão, e a TAP não é exceção. Da parte do Estado Português, já acionista maioritário da companhia, existe a intenção já manifestada de intervir, recapitalizando a empresa e assumindo um papel ativo na sua gestão.
Da parte dos trabalhadores, aguarda-se serenamente esse momento, com a disposição plena de contribuir com o seu esforçado trabalho para vencer mais esta difícil encruzilhada.
Sabemos que não são tempos fáceis os que se aproximam. As falsas promessas que nos fizeram e a idílica ideia de empresas cada vez maiores e sempre a crescer, pode ter sido um logro. Uma coisa sabemos nós no SITAVA, com saber de experiência feito: A unidade dos trabalhadores e a sua disposição para lutar pelos seus direitos é condição indispensável para atingirmos os nossos objetivos. É altura de colocarmos em evidência uma frase que é também ela um lema para o SITAVA: “SINDICALIZADO É MAIS SEGURO”, por isso apelamos a todos os trabalhadores que se sindicalizem.
QUE CADA ASSOCIADO DO SITAVA TRAGA UM AMIGO TAMBÉM.
UNIDOS SOMOS MAIS FORTES