Segundo o INE, no conjunto do ano de 2017 (resultados preliminares) os estabelecimentos hoteleiros registaram 20,6 milhões de hóspedes e 57,5 milhões de dormidas, a que corresponderam aumentos anuais de 8,9% e 7,4%, respetivamente. Os proveitos totais aumentaram 16,6% e os de aposento 18,3%. Esta é a verdadeira situação do setor, que cresce sucessivamente desde 2013. Contudo, muitos milhares de trabalhadores não têm aumentos salariais há muitos anos, e os que têm tido é por força da sua luta.
Em declarações prestadas ao Diário de Noticias de hoje, a Associação da Hotelaria de Portugal afirma que o salário médio no setor é de 1035 euros, excluindo subsídios e prémios, números de 2016, diz esta associação patronal.
A Confederação do Turismo Português, aponta para salários de 1000/1500 euros, alegando subsídios da noite e ao sábado e domingo.
Estes valores nada têm a ver com a realidade. Os salários na hotelaria e na restauração são muitos baixos. Cerca de 80% dos trabalhadores da restauração e cerca de 60% dos trabalhadores da hotelaria recebem apenas o salário mínimo nacional.
O setor não paga subsídios de noite nem de fim de semana, há apenas o subsídio noturno que na hotelaria é pago das 00 às 7 horas com um acréscimo de 50%, mas que abrange muito poucos trabalhadores.
O trabalho ao sábado e domingo na restauração e hotelaria não é pago com qualquer acréscimo, embora seja uma reivindicação sindical de há muitos anos.
O valor do salário médio mensal apontado de 632 euros só pode ter cabimento se estiver incluído o subsídio de alimentação, que no setor ou é pago em espécie ou pelo valor pecuniário, que vai de 32 euros a 122 euros.
Os salários em geral e o salário médio do setor em particular só sofrerá uma evolução assinalável quando for desbloqueada a contratação coletiva.
Ora, a Associação de Hotelaria de Portugal recusa negociar salários desde 2009 e insiste na retirada total de direitos do contrato coletivo de trabalho. Esta associação patronal só aceita assinar nova tabela salarial quando os sindicatos aceitarem a retirada de direitos da contratação coletiva. Amanhã realiza-se mais uma reunião de conciliação no Ministério do Trabalho, mas não é previsível que haja qualquer alteração da situação de impasse negocial existente.
Do mesmo modo, as negociações com a associação patronal APHORT também não têm fim à vista, e há até um recuo patronal à mesa das negociações. Também esta associação recusa assinar qualquer tabela salarial sem haver cedências sindicais no clausulado de retirada de direitos, e a proposta de salários em cima da mesa, para muitos trabalhadores, é do salário mínimo nacional. A tabela salarial em vigor é de 2011.
O Grupo Pestana, não negoceia tabelas salariais para os trabalhadores das Pousadas de Portugal desde 2009. Na sequência de um processo negocial em curso, deu um aumento salarial de 1,5% em 2016, muito baixo para repor os 10,5% perdido até hoje pela inflação. Fora disso, apenas atualizou o salário mínimo nas pousadas que agora é de 600 euros, mas que inclui prémios e abonos. A empresa insiste na mesa de negociações em retirar direitos importantes aos trabalhadores, apesar de terem sido as pousadas de Portugal que obtiveram os melhores resultados na hotelaria em 2017
FONTE: SINDICATO DA HOTELARIA DO NORTE