Greve nas cantinas registou 70% de adesão

cantinas 15 maioNo levantamento feito pelos sindicatos a 200 estabelecimentos sobre as repercussões da greve dos trabalhadores das cantinas, que decorreu no dia 15, registou-se uma adesão nacional superior a 70 por cento, com mais de uma centena de cantinas escolares encerradas, dezenas de hospitais com adesões de 100 por cento, onde foram garantidos apenas serviços mínimos, cantinas de centros de formação profissional encerrados, encerramento de cantinas de fábricas industriais e outras instituições públicas e privadas como a RTP Porto e a Presidência de Conselhos de Ministros.

Foto: Concentração realizada no Porto, junto aos escritórios da Itau e Gertal (grupo Trivalor, o maio do setor)

No dia da greve, os trabalhadores aprovaram a seguinte Moção:

Moção
dos trabalhadores das cantinas, refeitórios, fábricas de refeições, áreas de serviço e bares concessionados
Considerando que:

  • Os salários praticados nas cantinas, refeitórios, fábricas de refeições, áreas de serviço e bares concessionados são muito baixos;
  • Os salários destes trabalhadores não são atualizados desde 2010;
  • Durante estes sete anos as empresas aumentaram, e muito, o número de cantinas exploradas, o número de refeições vendidas e o valor global de receitas, designadamente no mercado escolar, hospitalar e social;
  • Esta boa evolução do setor foi feita, em grande parte, à custa dos baixos salários, do aumento dos ritmos de trabalho e da violação dos direitos;
  • As empresas, para além de congelarem os salários, reduziram os quadros de pessoal, impuseram polivalências, deixaram de pagar a muitos trabalhadores o subsídio noturno e o subsídio de alimentação nas férias, impuseram horários de 12 horas diárias, reduziram para metade o pagamento do trabalho em dia feriado, etc.;
  • Durante este período aumentou de forma vertiginosa a precariedade atingindo cerca de 90% no mercado escolar e também a maioria dos trabalhadores em algumas unidades hospitalares têm vínculos precários há vários anos;
  • Este ano, as empresas ofereceram uns míseros 2% de aumento nos salários, valor manifestamente insuficiente, pois que, só a inflação atingiu neste período de sete anos 9%, não contando por isso, os ganhos de produtividade, que foram muitos, basta ver os lucros acumulados pelas principais empresas;
  • Para além disso, as empresas querem como contrapartida que os sindicatos aceitem uma nova categoria, a de assistente de restauração, que passaria a fazer tudo no refeitório, designadamente limpeza, lavagem de louça, distribuição, preparação e confeção das refeições, querem deixar de pagar o subsídio noturno, pagar apenas metade nos feriados, dar apenas um dia de descanso semanal, impor horários de 12 horas diárias, banco de horas, horários concentrados e acabar com as densidades e carreiras, o que representaria uma perda enorme de direitos;
  • Face à recusa dos sindicatos da CGTP-IN, as empresas recorreram aos divisionistas da UGT para legitimarem as ilegalidades e irem mais longe na exploração dos trabalhadores, tendo para o efeito assinado e publicado um vergonhoso acordo de revisão do CCT, para agora tentarem impor condições de trabalho ainda mais violentas aos trabalhadores.

Assim, os trabalhadores em greve, concentrados dia 15 de maio frente aos escritórios das empresas Gertal e Itau, em São Pedro de Fins, na Maia, exigem:

  • Aumentos salariais justos e dignos que reponham o poder de compra perdido ao longo dos últimos sete anos;
  • Respeito pelos direitos dos trabalhadores, conquistados com a luta ao longo de décadas;
  • Passagem a efetivos de todos os trabalhadores que ocupam postos de trabalho permanentes;
  • Melhores condições de trabalho;
  • Negociação do Contrato Coletivo de Trabalho sem perda de direitos.

15 de maio de 2017                                                Os trabalhadores

 

FONTE: SINDICATO DA HOTELARIA DO NORTE