A CGTP-IN promove a campanha “DEFENDER E REFORÇAR O SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICO, GRATUITO E UNIVERSAL”, cujos objectivos, entre outros, passam por colocar o foco na saúde e na prevenção da doença, pela necessidade de reforçar e modernizar o SNS, por investir na saúde como condição para a garantia deste direito fundamental da população e elemento de avanço social no progresso e de desenvolvimento económico do País.
A Campanha é orientada para os locais de trabalho e à mobilização de quem trabalha ou trabalhou para as acções que defendam e promovam o reforço do SNS. São eles e as respectivas famílias que em primeiro lugar sofrem o impacto do desinvestimento no SNS!
Apesar dos baixos salários e pensões, Portugal é um dos países da UE onde a despesa corrente em saúde, directamente suportada pelas famílias é mais elevada (28%, face a 18%, da média na UE) e dos que têm menor comparticipação do Estado (66,3% em comparação com 79,3% da média na U.E.). Não é aceitável, pois o SNS é indispensável para continuar a assegurar cuidados de saúde universais e integrados, centrados no utente.
A CGTP-IN defende o Serviço Nacional de Saúde, Público, Universal e Gratuito, conquistado com a Revolução de Abril. Só o seu reforço, livre da lógica do lucro e alicerçado na prevenção e tratamento da doença, permitirá satisfazer as necessidades da população.
Exige-se assim aumento do investimento que falta nos Cuidados de Saúde Primários públicos, garantindo os adequados meios técnicos e humanos e atribuindo médico e enfermeiro de família a toda a população.
Exige-se a implementação de medidas que assegurem uma resposta célere e eficaz dos serviços públicos de saúde, designadamente no âmbito dos recursos humanos, com a admissão de mais profissionais para as instituições e a passagem a efectivos dos milhares de trabalhadores com vínculos de trabalho precário. Urge ainda afastar as empresas de trabalho temporário e promover numa efectiva valorização das carreiras, vínculos e remunerações. Só desta forma se pode estancar a saída de profissionais do SNS para o negócio privado da doença.
Urge por fim à política de subfinanciamento do SNS que, ao mesmo tempo que limita a sua actividade, transfere milhares de milhões de Euros para o sector privado, nomeadamente através da prestação de serviços no sector dos meios complementares de diagnóstico e das Parcerias Público-Privadas.
A eliminação das taxas moderadoras tem de avançar, garantindo-se a universalidade do acesso aos cuidados de saúde.
A opção que se exige ao Governo para a área da saúde, passa por reforçar as unidades do SNS e não pelo seu encerramento. Passa por alargar valências no SNS e não por reduzir a resposta que é dada. Passa por garantir o acesso ao SNS quando os utentes dele necessitam e não pela redução de horários de funcionamento. Passa pelo efectivo reforço da capacidade instalada e não pela externalização de serviços.
A Lei de Bases de 1990 introduziu o conceito de “sistema de saúde”, paralelo ao Serviço Nacional de Saúde, a fim de permitir colocar o SNS como apenas um dos componentes do “sistema” a par do sector privado e também do sector social, numa lógica concorrencial, readquirindo um protagonismo que haviam perdido com a fundação do SNS.
Estas alterações abriram a porta à gestão privada na saúde e, mais tarde, à introdução das parcerias público-privadas. Levaram a uma crescente promiscuidade entre sector público e sector privado na prestação de cuidados de saúde e ao encerramento de diversas unidades públicas de saúde, incluindo hospitais e maternidades. Conduziram ao progressivo e descontrolado crescimento e valorização do sector privado da saúde em detrimento do SNS, bem como à reentrada do sector social na área da saúde, incluindo a entrega de alguns hospitais a Misericórdias.
A CGTP-IN considera que a Lei de Bases da Saúde aprovada na última legislatura, apresenta, na sua generalidade, um sentido progressista e pode contribuir para assegurar a aplicação do estabelecido no artigo 64º da CRP. A Regulamentação da Lei de Bases da Saúde, nomeadamente o estatuto do SNS, a regulação dos sistemas locais de saúde e a lei de gestão hospitalar, deve concretizar o fortalecimento e melhoria do SNS, em todas as suas vertentes, designadamente a existência de uma carreira única para cada sector profissional, aplicável a todos os trabalhadores desse sector.
A transferência de competências para as autarquias na área dos cuidados de saúde primários irá agravar o desinvestimento crónico e acentuar assimetrias regionais, escancarando portas à privatização, uma vez que as autarquias não têm os meios nem o conhecimento para a gestão de unidades de saúde.
O SNS é indispensável para continuar a assegurar cuidados de saúde de qualidade, universais e integrados, centralizados no utente. A modernização do SNS é necessária e fundamental, pelo que é preciso recrutar, manter e motivar os profissionais e afirmar o carácter público de todos os Serviços, em todos os níveis dos cuidados.
Os tempos mais recentes demonstraram a importância e papel insubstituível do SNS. Conquista de Abril, foi o SNS, com os seus profissionais, que respondeu às necessidades das populações apesar de todos os ataques a que vem sendo sujeito. É no SNS que as populações encontram a resposta à satisfação do seu Direito à Saúde, longe da lógica do lucro que é a matriz do sector privado.
“DEFENDER E REFORÇAR O SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE PÚBLICO, GRATUITO E UNIVERSAL” é uma tarefa de todos os trabalhadores, dos reformados e pensionistas, dos jovens e das mulheres, das populações do litoral e do interior do país.
Esta Campanha que agora iniciamos, vai ter diferentes iniciativas ao longo do ano. Procurando alargar e unir forças, a CGTP-IN vai promover, em conjunto com o Movimento de Utentes, uma acção no próximo dia 23 de Junho, para exigir mais profissionais e melhores cuidados de saúde primários em Almada e no Seixal. Será pelas 15 horas em frente do Centro de Saúde da Amora.
No dia 28 de Junho, o mote será a exigência de mais investimento, mais profissionais e o aumento da qualidade dos cuidados de Saúde, numa acção às 9 horas e 30 minutos em frente do Centro de Saúde das Lameirinhas, na Guarda.
Já no dia 1 de Julho, a Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais convocou uma greve nacional dos trabalhadores da Saúde para exigir melhores condições de trabalho, a dignificação e valorização dos profissionais e, entre outras reivindicações, a abertura de processos negociais e a admissão de mais trabalhadores.
Estas são as primeiras iniciativas a que outras se juntarão. Porque é na defesa e reforço do SNS que reside a garantia do direito de todos – independentemente da sua condição económica ou social – à Saúde!
Lisboa, 09 de Junho de 2022