Intervenção de Isabel Camarinha,
Secretária-geral da CGTP-IN no 18º Congresso da FSM
Estimados camaradas,
As minhas primeiras palavras são para, em nome da CGTP-IN e dos trabalhadores Portugueses, saudar fraternalmente todos os delegados, as organizações filiadas e amigas presentes neste 18º Congresso da FSM e todos os trabalhadores que representam.
Numa situação marcada pelo aprofundamento da crise estrutural do sistema capitalista, o aumento das acções de desestabilização e agressão, com novos conflitos e guerras, a luta dos trabalhadores, a luta de classes continua a ser o motor da história.
Neste tempo de resistência e acumulação de forças, o 1º De Maio, o dia do trabalhador, revelou-se como uma grandiosa acção internacionalista de massas e um lugar central e insubstituível na unidade e na luta dos trabalhadores de todo o mundo contra a exploração, pela conquista de direitos e pela emancipação social.
Um 1º de Maio que em Portugal se celebrou em mais de 31 cidades sob o lema: Lutar e conquistar! Para o país avançar! onde se exigiram melhores salários e o emprego com direitos, um horário de no máximo 35 horas e se defendeu o direito à contratação colectiva, melhores serviços públicos e a ruptura comas imposições da UE, que os sucessivos governos seguem.
A luta dos trabalhadores portugueses prossegue e intensifica-se. Uma luta que após um período de resistência a uma forte ofensiva de retrocesso e agravamento da exploração, conseguiu a defesa, reposição e conquista de novos direitos, ainda que de forma limitada e insuficiente.
Mas o capital e os governos ao seu serviço, usaram a pandemia para promover os lucros das grandes empresas e impor o corte nos salários, aumentando assim as desigualdades e a pobreza.
Processo que se agrava no contexto de sanções e da guerra, que contra os interesses dos trabalhadores, propicia a especulação, o aumento do custo de vida e o agravamento da exploração, o ataque aos salários e aos direitos, as desigualdades, a concentração e acumulação de riqueza, , a fragilização dos serviços públicos e funções sociais dos estados.
Uma ofensiva que mantem o bloqueio à contratação colectiva, que desregula os horários e o tempo de trabalho, que ataca a liberdade sindical, que impõe a precariedade e os baixos salários.
A luta dos trabalhadores portugueses vai continuar mesmo enfrentando limitações e ameaças à liberdade sindical.
O 1º de Maio em Portugal foi também uma grandiosa jornada de luta e solidariedade internacionalista, um grito contra a guerra, as sanções e os bloqueios que só penalizam os povos.
Dizemos não à especulação e ao aumento do custo de vida, à agenda exploradora, agressiva, reaccionária e fascizante do capital, combatemos o imperialismo.
Dizemos não à corrida armamentista que ameaça a paz e só serve para engordar quem faz do negócio das armas uma forma de lucrar, enriquecer e reforçar o seu domínio e expressamos a nossa solidariedade com os povos e os trabalhadores da Palestina, do Sahara Ocidental, da Ucrânia, do Mali, do Iémen, da Síria, do Iraque, do Afeganistão, da Líbia, de Cuba, da Venezuela entre tantos outros.
Camaradas,
O imperialismo, o capital e os seus defensores, apostam no fascismo e na guerra, desenvolvem operações de mentira, manipulação e condicionamento ideológico a um nível sem paralelo. O exemplo das mudanças tecnológicas e da instrumentalização dos problemas ambientais necessitam de uma atenção especial da nossa parte.
Num quadro de crescentes contradições do capitalismo, em que as imensas privações por que passam os trabalhadores são consequência da natureza do sistema, com as privatizações, a destruição da capacidade produtiva de muitos dos nossos países, a exploração e empobrecimento ao serviço da acumulação e centralização da riqueza, impõem-se dar prioridade ao reforço da acção e da luta em cada país.
A unidade, a organização e a luta dos trabalhadores, constrói-se a partir do sector e local de trabalho, numa intervenção que desenvolvemos e intensificamos com momentos de convergência sectorial e nacional, com Manifestações e greves já marcadas para os primeiros dias de Maio, e dia 27 com uma concentração de trabalhadores a iniciar um mês de Junho repleto de lutas sectoriais que culminará com uma grande acção nacional em Julho.
Uma prioridade que se articula com o reforço da acção de solidariedade dos trabalhadores de todo o mundo e na cooperação do movimento sindical numa base de igualdade e respeito mútuo, da discussão colectiva e da unidade anti-imperialista.
A não filiação mundial da CGTP-IN é uma posição que tem em conta as especificidades da luta e do movimento sindical português. Esta posição esteve sempre e continuará a estar aberta a considerar propostas de cooperação, apoio e estímulo à acção em defesa dos interesses de classe dos trabalhadores que venham da FSM. Somos e queremos continuar a ser uma organização amiga da FSM. Valorizamos a realização do congresso e esperamos que os interesses de classe dos trabalhadores saiam daqui reforçados.
O movimento sindical português tem contribuído para afirmar os princípios e posições comuns e conjuntas da FSM enquanto organização de classe e anti-imperialista, para dinamizar e reforçar a acção das UIS, para promover e valorizar o intercâmbio de experiências, para a identificação de objectivos comuns e convergentes, para dar força à solidariedade entre as lutas que travamos. Podem continuar a contar connosco.
Viva a luta dos trabalhadores!
Viva a unidade anti-imperialista!
Viva a FSM!
18º Congresso Sindical Mundial, Roma, 6 - 8 Maio de 2022