Erga a sua voz, não o nível do mar
O tema da ONU - Organização das Nações Unidas das celebrações do Dia mundial do Ambiente 2014, celebrado a 5 de junho, é “Aumente sua voz, não o nível do mar”, chamando a atenção para os Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento e para as alterações climáticas. Este ano, em Portugal, assistimos a falta de areia nas praias que poderão ter um efeito negativo no turismo e no emprego a ele associado. As causas são várias, desde logo a retenção de sedimentos nas barragens que impedem a sua chegada natural ao mar. A erosão costeira é assim parcialmente causada pelas barragens, que impedem a passagem dos sedimentos que alimentam as nossas praias. O desordenamento do território na costa portuguesa também é responsável pela destruição dos cordões dunares e pela exposição de construções a tempestades. É necessário colocar o bem comum à frente de interesses particulares, tenham eles a designação de Projetos de Interesse Nacional (PIN’s), que não acautelem a sustentabilidade.
Com a subida das águas do mar, as zonas costeiras ficaram numa situação ainda mais vulnerável. Os eventos climatéricos extremos, tal como ondas de calor, secas, tempestades e cheias, tornam-se mais frequentes e mais severos com o aumento da temperatura media da atmosfera.
Segundo a OIT, as mudanças climáticas, o processo de adaptação e os esforços para conte-las com a redução de emissões, têm repercussões de longo alcance no desenvolvimento económico e social, nos modelos de produção e, portanto, no emprego e na redução da pobreza. A “transição” rumo a uma economia verde, que iniciaram alguns Estados, ao contrário de um enfoque no desenvolvimento tradicional insustentável, pode contribuir com o alcance de muitos objectivos sociais durante os próximos 20-30 anos e a criação de milhões de empregos em todo o mundo criando novas oportunidades de ganhos económicos. Esta “transição” para uma economia verde implica a adopção de medidas capazes de garantir trabalho decente, com o objectivo de reduzir a pobreza ao mesmo tempo em que se protege o meio ambiente.
A CGTP-IN defende que em Portugal é necessário que se dê o devido relevo a essas questões, que se deverão traduzir em alterações nas políticas nacionais, mas também europeias e mundiais. Está na hora de criar mais articulação entre as políticas do ambiente e do emprego e solidariedade social. É preciso adoptar em Portugal uma política para a “economia verde” que garanta os princípios da transição para uma economia verde”. Com efeito, uma economia baseada no desenvolvimento sustentável, actuando na preservação do ambiente, no desenvolvimento económico e na garantia de condições humanas, sociais e culturais dignas, pode ajudar a criar milhões de empregos em todo o mundo na agricultura, na indústria, nos serviços e na administração.
O Estado Português deveria responder ao desafio lançado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) promovendo a eficiência energética nos edifícios públicos, começando por medir a «pegada ecológica» de cada edifício, e também fomentando a utilização de aparelhos eficientes e a instalação de painéis solares nas coberturas.
Para mudar as mentalidades a educação é importante. Este ano, o último ano da década das Nações Unidas para a Educação para o Desenvolvimento Sustentável, seria uma oportunidade para Portugal recuperar o atraso que tem nesse campo, revelando assim, uma vontade política nesse sentido.
Sentimos porém que houve um retrocesso na educação ambiental em Portugal que irá ter consequências negativas nas gerações futuras.
Por todas estas razões, a CGTP-IN solidariza-se com o Dia Mundial do Ambiente e continuará a erguer a sua voz em prol de um planeta com um melhor ambiente.
Departamento para o Desenvolvimento Sustentável da CGTP-IN