O recente relatório do insuspeito FMI, "parceiro de coligação" do Governo do PSD/CDS, confirma aquilo que há anos a CGTP-IN denuncia: a política de retrocesso social e civilizacional levada a cabo pelo memorando da Troika e pelo Governo português, para além dos efeitos calamitosos que teve nomeadamente na área social, a não ser travada e invertida, continuará a ter consequências muito negativas a longo prazo, particularmente no desemprego, nas desigualdades e empobrecimento.
Ao considerar que a taxa de desemprego só atingirá os níveis anteriores ao programa da Troika daqui a 20 anos, isto é, em 2035, o FMI reconhece que a política de cortes nos salários, nas pensões, na protecção e apoios sociais, na redução dos direitos, na destruição do sector produtivo e na degradação da qualidade do emprego, pôs em causa direitos fundamentais dos trabalhadores e do povo, afundou economicamente o país, deixou-o refém do Tratado Orçamental e com uma dívida pública impagável.
Não basta agora ao FMI constatar que o fraco crescimento económico é a causa para a permanência das elevadas taxas de desemprego, e que sem políticas de estímulo à procura (consumo e investimento público) não haverá qualquer alteração de fundo nas perspectivas de crescimento e criação de emprego. Mais importante do que constatar, é assacar as responsabilidades aos que, como o Governo do PSD/CDS e a Troika (FMI, BCE, CE), teimam em defender a continuidade desta política de declínio económico e social.
Os dados demonstram e os factos confirmam que o país não tem futuro com uma política que asfixia a economia, amputa o investimento público, impede a criação de riqueza e desvaloriza o trabalho.
A resolução dos problemas do país passa pela ruptura com a política de direita e a adopção de uma política de esquerda e soberana, indissociável de um crescimento económico ao serviço da população, da criação de emprego de qualidade e com direitos, do aumento geral dos salários e das pensões, de uma política de valorização do trabalho e dos trabalhadores, de defesa e reforços das Funções Sociais do Estado e de cumprimento da Constituição da República Portuguesa.