O dia internacional da biodiversidade é comemorado a 22 de maio. Preservar a biodiversidade e os ecossistemas não é apenas fundamental para manter os muitos empregos existentes em todo o mundo, mas também pode ser uma fonte de criação de novos empregos. Todos os postos de trabalho estão de alguma forma dependentes da biodiversidade.
A água e a biodiversidade: um assunto dos trabalhadores
Preservar a biodiversidade e os ecossistemas não é apenas fundamental para manter os muitos empregos existentes em todo o mundo, mas também pode ser uma fonte de criação de novos empregos. Todos os postos de trabalho estão de alguma forma dependentes da biodiversidade.
O dia da biodiversidade é comemorado a 22 de maio, data escolhida pela Organização das Nações Unidas. A Convenção Internacional sobre a Diversidade Biológica define a biodiversidade como “a variabilidade de organismos vivos de qualquer origem, incluindo os ecossistemas terrestres e marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; abrange a diversidade no seio das espécies e entre espécies assim como a dos ecossistemas.”
A biodiversidade é o resultado de milhões de anos de evolução segundo processos naturais, mas tem sido prejudicada pela crescente população humana que tem provocado a sua redução. Dois terços das espécies de plantas estão em perigo de extinção. Os habitats naturais da maioria das regiões do mundo continuam a diminuir em extensão e integridade como consequência direta de práticas agrícolas insustentáveis, da instalação de infra-estruturas, da exploração não sustentável dos recursos naturais, da contaminação e da introdução de espécies exóticas invasoras. Tudo isto contribuiu para um declínio dos designados “serviços dos ecossistemas”, o que leva a uma insegurança alimentar crescente e ao aumento do nível de pobreza. Tem efeitos na saúde humana e resultou no colapso de atividade económicas como a pesca e a agricultura nalgumas regiões do mundo.
As perdas na natureza têm repercussões económicas diretas e duradouras que não são tidas suficientemente em conta nos processos de tomada de decisão das organizações públicas e privadas. Isto significa que, se o valor da biodiversidade, dos ecossistemas e dos serviços que proporcionam fossem visíveis para as economias e para as sociedades, estas veriam a necessidade de travar a destruição que geram e também de estabelecer políticas para abordar essas questões.
Os mais pobres são os que mais sofrem com a perda da biodiversidade. Os mais pobres necessitam de direitos, direitos humanos e padrões laborais de acordo com as normas da Organização Internacional dos Trabalhadores. Necessitam de trabalhos dignos, de manter a biodiversidade e o ambiente de forma a assegurar um bom futuro para os seus filhos e netos.
Se o uso da biodiversidade for insustentável, haverá destruição das funções dos ecossistemas que são as bases dos denominados “serviços dos ecossistemas”. Assim os investimentos económicos serão arrastados para a ruína, haverá a destruição das infra-estruturas e mais desemprego.
Num contexto de profunda crise de desemprego, uma gestão adequada do meio ambiente, incluindo o estudo e proteção da biodiversidade e dos ecossistemas, pode ser uma fonte importante para a criação de novos empregos verdes e, por isso, deveria merecer mais atenção de quem elabora as políticas.
O Sul da Europa, com destaque para Portugal, Espanha, Itália e Grécia, é a região com maior diversidade a nível europeu. Infelizmente essa diversidade ainda não é bem conhecida. É então desejável que se conheça melhor essa biodiversidade para que se possa proteger, permitindo assim um desenvolvimento mais sustentável. Urge uma política que dê mais estabilidade aos trabalhadores que estudam e protegem a biodiversidade.
Água e biodiversidade
Em 2013, o tema do dia internacional da biodiversidade é "Água e Biodiversidade", no âmbito da Década das Nações Unidas sobre Biodiversidade (2011-2020) e coincidindo, também, com o Ano Internacional de Cooperação pela Água.
A água permite a vida na Terra. É um elemento vital para os povos e determina a qualidade de vida. Prover e manter a sustentabilidade da água para as necessidades da população em todo o mundo é reconhecido como um dos maiores desafios para um desenvolvimento sustentável na maior partes das zonas do mundo. Os ecossistemas de todo o mundo, mas particularmente as florestas e as zonas húmidas, asseguram que a água potável esteja disponível para as populações humanas.
As zonas húmidas ajudam a reduzir os riscos de inundações. A reabilitação dos solos ajuda a reduzir a erosão e a poluição e aumenta a água disponível para as culturas. Áreas protegidas podem prover água para as cidades. Estes são alguns exemplos indicados pelo secretariado da convenção sobre a diversidade biológica de como a gestão dos ecossistemas pode ajudar a resolver problemas relacionados com a água.
Diferentes estudos refletem a estreita correlação entre as áreas geográficas mundiais onde a biodiversidade está mais ameaçada com as zonas geográficas com maior risco na segurança de acesso à água, o que significa que quando existe uma ameaça sobre a biodiversidade, existe também uma ameaça sobre o acesso à água. Para além disso uma gestão dos recursos hídricos que respeite a biodiversidade poderá ser uma fonte de empregos verdes.
A água, fonte de toda a vida na Terra, necessita de uma gestão racional. É pois necessário que a gestão da água seja um assunto público, não deve ser privatizada, a sua gestão deve ser controlada por eleitos, cidadãos e trabalhadores.
Este dia da biodiversidade é também ocasião para se reivindicar:
- Um novo modelo produtivo que conserve a diversidade biológica, no qual se tenham em conta todos os efeitos e se avaliem as perdas e ganhos dos recursos naturais;
- A inclusão da variável biodiversidade nas diferentes políticas públicas e nos projetos privados em todos os âmbitos e setores, especialmente nas infra-estruturas de transporte, industriais e turísticas;
- Ajudar a evitar mudanças do uso do solo e urbanização sem critérios de conservação da natureza;
- Defender o financiamento das políticas de biodiversidade, procurar a proteção dos ecossistemas e geri-los contando com a participação das comunidades que neles vivem e que dependem deles.
As trabalhadoras e os trabalhadores de todo o mundo podem converter-se em protagonistas ativos da mudança para a sustentabilidade do modelo produtivo mundial, um modelo produtivo que mantenha e proteja a diversidade biológica, com uma aposta contundente pela equidade, a justiça, pelo emprego digno e de qualidade e por uma transição justa para outro modelo de desenvolvimento.
Departamento para o Desenvolvimento Sustentável da CGTP-IN