Preocupante e desumana a situação dos trabalhadores dos super e hipermercados e do sector social

caixa supermercadoÉ preocupante e desumana a situação actual dos trabalhadores dos super e hipermercados e do sector social, alerta o CESP – Sindicato dos Trabalhadores do Comércio e Serviços, que anunciou uma conferência de imprensa sobre o assunto, a realizar esta tarde, na delegação do Porto.

O CESP enviou hoje aos órgãos de Comunicação Social a seguinte nota:

Nesta fase complicada do nosso país face à pandemia do COVID -19, os trabalhadores das empresas da grande distribuição e sector social entre outros, são os mais expostos ao perigo. Em muitos locais de trabalho não existem condições de segurança e saúde e os trabalhadores continuam expostos horas e horas aos riscos.

É o caso de algumas lojas do Dia Minipreço, Clarel, Pingo Doce e Sonae. Nesta última querem obrigar os trabalhadores da Bagga a irem para os supermercados quando o contrato destes não o permite.

Continuamos a ter trabalhadores nas caixas sem as mínimas condições de protecção, trabalhando horas a fio e muitos deles sem as duas folgas semanais consagradas no Contrato Colectivo de Trabalho em vigor, absolutamente necessárias para a recuperação física e psíquica, como é o caso do Pingo Doce.

Há empresas que aproveitam para fechar lojas, mas mantém os trabalhadores lá dentro, fechados e a desempenhar funções não habituais, como é o caso da Bertrand ou servem-se do expediente de reduzir trabalhadores através do fim abrupto dos contratos de trabalho a termo, como é o caso da Tezenis.

Existem graves problemas com os trabalhadores do sector retalhista, nomeadamente lojas de rua e de centros comerciais que encerraram, fazendo ameaças aos trabalhadores para o gozo compulsivo de férias ou para recorrerem à baixa, e ainda há centenas de trabalhadores em casa sem saber como e quando vão receber o seu salário.

No sector social no Distrito do Porto, Vila Real e Bragança, as IPSS e as Misericórdias, na sua maioria, não dão condições de segurança e saúde aos seus trabalhadores. Não há máscaras, há sítios em que as luvas escasseiam e em alguns casos até o álcool é fornecido a conta-gotas. Há Instituições que estão a obrigar os trabalhadores a fazer 12h consecutivas de trabalho, como é o caso da Santa Casa de Misericórdia do Freixo de Espada à Cinta, ou o da resposta social da Santa Casa de Chaves em Vidago, em que os trabalhadores estão a trabalhar 7 e 8 dias consecutivos sem folgar, ou ainda em Mirandela no Lar Nossa Srª da Paz, em que os trabalhadores vão fazer horários 7 dias seguidos a dormir no chão do ginásio em condições inadmissíveis e desumanas.

Os trabalhadores têm consciência e sabem da importância do seu trabalho; mas também são estes trabalhadores - agora intitulados de “heróis” - que têm sido desprezados pelas instituições e empresas, que ao longo de vários anos, tanto no sector Social afecto à União das Misericórdias Portuguesas, como nos Super e Hipermercados, têm sido confrontados nas mesas negociais com tentativas patronais de imposição de banco de horas, com a redução do valor do trabalho suplementar, com salários baixos, muitos com o salário mínimo nacional, face ao bloqueio negocial patronal de muitos anos.

São os “heróis” do momento, mas estes “heróis” também adoecem, também têm família, exigem condições de segurança e saúde e sobretudo exigem respeito por si e pelos seus direitos, sendo na sua grande maioria, mulheres trabalhadoras

É urgente uma forte e imediata intervenção por parte das autoridades inspectivas.

É urgente que o Governo tome medidas para clarificar a situação destes trabalhadores face a todas as situações que estão a passar.

FONTE: CESP